Adam Smith foi um liberal que defendia a não intervenção do Estado na economia. Dizia existir uma “mão invisível” regulamentadora do mercado. Ela seria originária das próprias necessidades e convicções humanas.
Defendia, que o Governo deveria assegurar que esta “mão invisível” agisse livremente, protegendo o mercado de intervenções, monopólios e falcatruas. E voltasse sua administração para as questões relativas à educação, segurança e saúde.
Outra tese, defendida no livro “A Riqueza das Nações”, é a Divisão do Trabalho. Para explicá-la ele ilustrava com uma fábrica de alfinetes, em que a produção seria feita com mais rapidez e menores custos se houvesse a Divisão do Trabalho. Pois o operário ficaria mais ágil na execução do ato e não perderia tempo ao mudar de uma tarefa para outra.
O vídeo mostra como a idéia da Divisão do Trabalho foi aplicada, defendida e melhorada por Taylor:
httpv://www.youtube.com/watch?v=JZq9a_r4C3M
Mas para que serve estudar Adam Smith se não analisar o que veio depois ?
A Teoria Liberal de Adam Smith convenceu. Mas os governos que a praticaram, o fizeram em parte. Legalizaram e/ou incentivaram a livre concorrência dentro de seus países, mas continuaram subsidiando seus produtos no comércio internacional. Algum dia as idéias de Adam Smith serão colocadas em prática, integralmente? Há um longo caminho a ser percorrido e novas opções a serem avaliadas. Faz-se necessário interrogar que influência pode ter, sobre esta Teoria, as tecnologias de hoje.
Enfim, depois que a Teoria do Liberalismo Econômico de Adam Smith fez sucesso por muito tempo, surgiu o Neo Liberalismo e os seus defensores. A Tese do Neo Liberalismo defende a idéia de que o Estado não deve intervir na economia mas, deve também minimizar a sua intervenção no setores sociais. Esta Tese, ao nosso ver, defende a privatização dos serviços públicos, deixando, os mesmos, de ser obrigação do Estado, como manda a Constituição Federal, no Brasil. Os Neo Liberais acreditam que, no Estado Mínimo, as empresas privadas devem se encarregar dos serviços essenciais como saúde, segurança, previdência, educação. No periodo Neo Liberal, do Brasil, quase todas as empresas estatais foram privatizadas, depois de, na “onda liberal”, ter sido feito pelos países desenvolvidos. O Brasil chegou atrasado outra vez!
Hoje, com esta crise gerada pela especulação imobiliária nos Estados Unidos, a tese Neo Liberal está perdendo força. Os opositores dela, dizem que foi justamente pela não intervenção do Governo, ou seja, o excesso de liberalismo é que provocou a crise. E, com isto, a Teoria Liberal de Adam Smith readiquiriu a sua força.
Abaixo está um Slideshow que, ao nosso ver, ilustra perfeitamente o texto:
Sabemos, agora, o que veio depois de Adam Smith. Mas qual a influencia disso no Brasil? Para esta análise sugerimos a leitura da história, abaixo, sobre dois famosos personagens que exemplificam bem o embate das “idéias” conservadoras com as liberais.
Em princípios de 1800, nasceu, nos pampas gaúchos, um garoto que foi batizado como Irineu Evangelista de Souza. Naquela época sul do Brasil vivia em guerra com tudo e com todos, principalmente com os espanhóis, e nos pampas gaúchos principalmente. Lá o Estado estava ausente. Por isso o roubo e o tráfico de tabaco, bebida e gado era atividade comum. E foi tentando defender o gado da família que o pai de Irineu morreu, ele tinha apenas 5 anos.
Sua mãe se casou novamente. O novo marido não quis filhos de outro homem em casa, sua mãe não teve escolha, mandou-o para o Rio de Janeiro para trabalhar no comércio, Irineu tinha 9 anos. Sua mãe havia lhe ensinado matemática e por isto ele logo se diferenciou dos outros empregados. Em pouco tempo já era o homem de confiança do patrão.
Ali tudo se comerciava, inclusive escravos, que gerava o maior lucro da “mercearia”. Com a proibição do tráfico, a “mercearia” entrou em falência e Irineu agiu para salvar o que pudesse. Em um dos negócios que fez para liquidar bem a mercearia do patrão e salvá-lo da ruína, se ofereceu como ativo ao credor da “mercearia” e conseguiu salvar uma grande fazenda de café, do patrão.
Assim, Irineu passou a trabalhar para o escocês: Carruthers. Percebeu que a mercearia do antigo patrão, que tanto admirava, era um caos frente às técnicas que aprendeu com o escocês. Balanço Patrimonial era brincadeira de criança perto das tantas conversões de câmbio que tinha que fazer a cada venda. Acabou aprendendo a trabalhar com a Libra como ninguém. A partir daí o mundo ficou pequeno. Naquela época não existiam faculdades de administração. O candidato, para se tornar apto a exercer a função tinha que trabalhar para outro administrador até que este definisse que ele já estava pronto. No caso de Irineu isto ocorreu quando seu novo patrão decidiu se aposentar e ir para a Escócia. Voltou para seu país e deixou a “mercearia” para Irineu administrar, tornando-o seu sócio.
Irineu administrou tão bem e ganhou tanto dinheiro que ficou rico. Fundou o primeiro Estaleiro do Brasil. Nele, passou a fabricar, também, peças para seus outros empreendimentos. Entre eles a primeira linha férrea do Brasil. Depois a segunda e a terceira. O primeiro banco brasileiro. E, por imposição do governo, que temia a apropriação do território pelos americanos, fundou a primeira empresa de navegação do rio Amazonas.
Irineu era um Liberal assim como Adam Smith, mas tinha suas próprias teorias. A principal é que a riqueza de um país não é medida pelo tanto de ouro que este detém, mas sim pela diferença entre as exportações e importações.
Vejamos o segundo personagem: Dom Pedro II. – Sua avó, a Rainha Louca, negligenciou a doença do filho, que vinha sendo preparado para assumir o Trono, resultando na morte deste. Assim, Dom João VI, que queria ser padre, tornou-se o herdeiro do Trono, sem preparo e sem a mínima vocação. Quando Napoleão invadiu Portugal ele fugiu para o Brasil. Depois de quinze anos decidiu voltar e deixou seu filho de apenas 12 anos no país para poder governar quando atingisse a maioridade. Nesse período o Brasil foi governado por pelo tutor. Quando Dom Pedro fez 14 anos, foi emancipado e feito Príncipe Regente.
No início foi um príncipe regente tímido, não promoveu mudanças, mas depois rompeu com Portugal, decretou a independência e pôs-se a dar ordens.
Se achava um intelectual e era rodeado de “puxa-sacos”, em sua maioria os conservadores da época. Que não estavam nada satisfeitos com o fim do tráfico de escravos. O tráfico proporcionava a eles um investimento pequeno e altos retornos, como ainda não existia bancos eles repassavam estes escravos em troca de créditos absurdos (eram como os investidores na poupança, na década de oitenta, só o dinheiro trabalhava). – O Brasil de 1800 era um lugar onde o trabalho era visto com preconceito: “coisa de escravo fazer”.
Por isso quando Mauá fundou o Banco do Brasil e fez os juros ficarem muito baixos, os conservadores começaram a inventar teorias de que uma pessoa física não poderia ser dona de um banco. Dom Pedro II vendo que teria apoio total da câmara resolveu estatizar o banco e elevar os juros, com isso ele seria “dono” de um banco e seus amigos correntistas ficariam satisfeitos.
Mesmo tendo perdido um banco que sustentava seus investimentos no Brasil Mauá não se deu por vencido. Decidiu abrir outro banco. Os conservadores logo aprovaram uma lei que proibia fundar empresa dividida em ações, pois pretendiam impedir o funcionamento do novo banco de Mauá. Ainda assim ele chamou dois sócios e fundou o banco. Era um banco modesto, mas que fazia conversões de câmbio em libra, e representava ótimos preços neste setor, coisa que antes só era possível na Inglaterra, o Banco do Brasil não fazia este trabalho.
O sucesso do novo banco, fez de Mauá objeto de ódio dos conservadores, que passaram a atacá-lo dos mais diversos modos. Continuou lutando contra os conservadores enquanto pôde. Até sofrer a rasteira definitiva, do governo, que atingiu até a sua saúde, tomaram-lhe o direito de comerciar e administrar.
A partir daí Mauá ficou deprimido e doente, mas lutou até readiquirir os seus direitos. Faleceu aos 76 anos, e apesar de perder as suas empresas ainda era, como pessoa física, o homem mais rico do Brasil.
Grandes feitos de Mauá:
- Combateu a escravidão e inventou novas formas de realizar trabalho sem mão de obra escrava.
- Primeira indústria brasileira.
- Todas as ferrovias da época foram iniciadas por ele.
- Evitou que os EUA tentassem se apropriar da Amazônia, fundando uma empresa de navegação no Rio Amazonas.
- Primeiro brasileiro a lançar ações no exterior.
- Fundou o Banco do Brasil.
- Implantou a iluminação a gás no Rio de Janeiro.
Assistam a este outro Slideshow que, também ilustra perfeitamente os fatos:
Para saber mais sobre esta importante figura histórica leia o livro “Mauá, o empresário do Império”.
Um comentário em “Barão de Mauá, as leis de mercado e Adam Smith”