Até hoje ainda não me apresentei direito, desculpe-me leitores. Me redimo agora com este texto. Meu pai o fez quando saí de casa aos dezessete anos para “ganhar o mundo”. Hoje, depois de tantas aventuras – duas faculdades largadas, três cidades, várias repúblicas e pensões e muitos cursos – estou indo pra mais uma: a de cada dia. Nesta ventura tenho conhecido várias pessoas, muitas delas apenas por email, sei que assinam meu blog mas nunca deixaram um comentário, talvez por não me conhecer. Espero que com este texto fiquemos mais íntimos e vocês, caros leitores, sitam-se mais à vontades comigo.
Diego,
“Meu Tico”,
O meu amor por você é imensurável, sei que você sabe disto e sinto que você o sente. A recíproca é verdadeira, eu sei, e sou feliz por causa disso.
Eu e você somos afetuosos, amorosos, embora não carinhosos, um com o outro. Sou mais carinhoso com as suas irmãs e elas o são comigo, mais que você. Mas a medida do nosso amor, uns pelos outros, é igual, só a forma de relacionamento é que é diferente.
Penso que o motivo disso está simplesmente no fato de sermos homens e, também, termos personalidades tão parecidas. Você sabe que os pólos iguais se repelem, por isto estamos sempre em atrito. Mas, felizmente nós sempre tivemos consciência destes fatos e sempre soubemos superar esta antítese.
Temos muitas e muitas lembranças de momentos em que estivemos tão juntos, tão ligados. Nos quatro anos em que você foi filho único nem se fala, todos os meus minutos fora do trabalho foram para você. Eu brincava e ficava com você até quando você estava dormindo.
Depois as suas irmãs nasceram e eu tive que dividir as atenções. Mas a sua parte esteve sempre reservada para você e nós a aproveitamos de maneira singular, como poucos pais e filhos sabem fazer, como nos momentos em que ficávamos de mãos dadas, em muitas situações diferentes: assistindo TV; quando a sua mãe viajava você ficava comigo à noite. E, mais, em todas as vezes em que nos abraçamos, às vezes, forte e longamente. E ainda, em todos os beijos que nos demos, em particular e em público, nos encontros e nas despedidas. E quantas vezes eu fiquei fazendo cafuné nos seus cabelos, quantas vezes fiquei coçando suas costas, quantas vezes lhe fiz massagem, quantas vezes acordei no meio da noite e fui lhe dar remédio, medir a sua febre, quando você ficava doentinho. Quantas vezes lhe acompanhei em consultas médicas. Quantas vezes lhe balancei na rede; Ajudei a subir em árvore, levei em circo, parque, rio, cachoeira, montanha, mata, mar, praia. Quantas histórias lhe contei. Quantos cachorrinhos eu lhe dei. Porquinhos da Índia, periquitos, hamster. Eu lhe ensinei a nadar e mergulhar. Quantas vezes fomos juntos ao fundo da piscina pegar tampinha de refrigerante. Ah! Graças a Deus as lágrimas que dos meus olhos caem neste momento são de felicidade. Que privilégio ter tudo isso e muito mais, para recordar! Sou rico, riquíssimo, por ter você meu grande filho! Por ter tudo isso, tão bom, para guardar na memória e não esquecer nunca; estes quase dezoito anos de convivência. Por não ter nenhuma recordação negativa, por nunca ter visto você drogado ou bêbado ou fumando; por nunca tê-lo buscado em uma delegacia de polícia; por nunca ter visto a sua cara ou outra parte do corpo marcado pela violência.
Ah! Se todos os pais tivessem a felicidade de escrever assim, para os seus filhos; o paraíso seria aqui! A única coisa que me deixa triste dentro desta alegria é saber que muitos pais não têm como escrever uma carta como esta, porque a história deles é bem outra. Deus não me deu riqueza material, mas deu-me outra, muito mais sólida e promissora: A doce convivência da nossa família e o bom comportamento dos meus filhos.
Diego, meu querido, faltam apenas 03 dias para você se afastar de nós, desta convivência diária, da nossa casa. Você está indo para o seu caminho individual, até agora viajávamos todos juntos. A partir do dia 15/10/05, você nos deixará e tomará uma outra direção em uma nova estrada. Daí em diante os seus passos terão um novo sentido, você terá que dar a eles um equilíbrio próprio, diferente do que você sentiu até aqui.
Mas, você não estará sozinho, lembre-se sempre: primeiro você tem a luz divina iluminando o seu caminho, depois você terá um prolongamento da sua família, onde quer que você for. Nesta primeira etapa você terá as tias Josiane e Josete, o Alexandre, o Júlio e, a Rosa também entrará nesta lista, com certeza. Ame e respeite a eles do mesmo modo como você sempre nos amou e respeitou.
Meu filho, quanto aos outros, os estranhos que forem passando por você, entrando no seu caminho, tanto nesta primeira etapa, em São Paulo, quanto no resto da sua vida, tenha cuidado! Não confie de imediato, vá devagar, não mergulhe em águas turvas, não cozinhe o trigo e o joio juntos, peneire até separá-los e só então decida o que fazer com um e outro.
A sua mãe, como toda boa mãe, está insegura. Ela tem me perguntado: “será que nós o preparamos o suficiente?” E eu, como todo bom pai, tenho respondido, sim! E por isso ele está indo cheio de coragem.
Vá meu filho, siga o seu caminho, trilhe-o com dignidade!
Eu te amo, nós te amamos.
Seu pai, Jáson.
que carta linda Sr:Jason!!!!!!!!!Seu filho deve ser muito especial para inspira-lo tanto !!!
Parabens por ter exercido muito a sua função enquanto pai!
e a vc Diego PARABENS por fazer seus pais tão felizes!
me emocionei. Deus continue os abençoando!