Sebastião Quintão foi cassado, mas ainda não há motivos para comemorações

Apesar de o Quintão ter sido cassado, só ficarei tranquilo quando houver novas eleições. Um exemplo de que cassação não é o fim dos nossos problemas são nossos vizinhos de Timóteo, que tiveram uma vida dura nos últimos quatro anos, foi uma guerra de liminares, cada hora era um prefeito diferente que conseguia a prefeitura.

Sinceramente acho que o Chico não volta, o que irá acontecer em Ipatinga serão novas eleições, e eu acho que é o certo. Apesar de o Chico (ou sua mulher?!) ser um ótimo administrador e de ter uma equipe nota dez, todos sabemos que ele não é santo. E ainda por cima existe a possibilidade de sua mulher e a Lene Teixeira se candidatarem, o que na minha opinião seria uma chapa dos sonhos.

Cecília Ferramenta como prefeita é a melhor opção porque todo mundo fala que quem governava em Ipatinga não era o Chico, e sim sua mulher. Até um tempo atrás eu não sabia se isso era verdade, mas depois de não ter visto o Chico nenhum dia em Ipatinga nas passeatas contra o Quintão, e só ter visto sua mulher, comecei a acreditar.

E a Lene Teixeira então nem se fala, conseguiu a fama de uma das políticas mais honestas de Ipatinga não foi atoa. Os únicos a votarem contra o Plano Diretor, o qual propunha o desmatamento de quase 80% da cidade, foram ela e o Agnaldo. Nem a queridinha Rosãngela Reis votou contra o Plano que iria “tornar impossível viver em Ipatinga”, segundo pesquisa feita pela Universidade Federal de Ouro Preto.

SAIBA PORQUE O PLANO DIRETOR É O DIVISOR DE ÁGUAS

O meu contato com a Lene se deu há uns dois anos, quando eu ainda era estudante de Publicidade na Unileste, curso que larguei assim que percebi que não valia nada. O Quintão começou a desmatar várias matas na cidade com a desculpa de que era pra replantar árvores velhas mas, que na verdade todo mundo sabia estar ligado a planos de loteamento, embasados no Plano Diretor. Os lugares em que houve desmatamento foi entre o Cariru e o Bela Vista e em frente a USIPA, mas o plano Diretor previa até o lotemanto da matinha entre o Iguaçu e o Centro.

O Plano Diretor pra quem não sabe, são algumas metas votadas e apresentadas ao Governo Federal para a liberação de uma verba da União para investir no crescimento da cidade nos próximos dez anos. Era pra este planmo ter sido votado na década de 90, ainda na gestão do Chico. Porém, por motivos que não sei quais são, o plano não foi proposto e muito menos votado. O senhor Quintão, muito esperto, decidiu apresentar um Plano Diretor. Este plano, dizem, era praticamente uma cópia do Plano Diretor de Belo Horizonte e foi votado de madrugada as pressas um dia antes de invalidar o pedido de verba do Município perante a União. E foi justamente esta a desculpa que muito vereadores usaram para justificar terem votado a favor do plano. Mas isto não é desculpa, e sim um atestado de burrice.

Imagine só se você fosse vereador, e se visse de madrugada (estranho não?!) na câmara para votar contra ou a favor de um plano que guiaria o crescimento populacional de sua cidade pros próximos dez anos. E este plano estivesse sendo apresentado pelo prefeito mais corrupto da história da região, que propunha simplesmente o desmatamento de quase todo a cidade, uma cidade que faz uma calorão danado, que quase não venta, e é muito poluída.

Se você votasse a favor do Plano Diretor, sua cidade receberia alguns milhões da União. Uma parte desta quantia seria usada no desmatamento de sua cidade e outra provavelmete seria usada nos luxos do já gordo bolso do prefeito, que chegou a desviar do PROJETO DA ESTAÇÃO QUALIFICA 49 MILHÕES NUMA TACADA SÓ.

Se você votasse contra o Plano Diretor, sua cidade deixaria de receber alguns milhões de reais, mas poderia recorrer ao Judiciário para mais tarde apresentar um novo plano.

Em vista desta “difícil” decisão e se vendo pressionados pelo prefeito, vários vereadores (inclusive a Rosãgela Reis) simplesmente tomaram a decisão mais fácil: votar a favor do plano e deixar a população e os próximos governates se fuderem!

E dos que tomaram a decisão “difícil”: votar contra o Plano e recorrer ao Judiciário em busca de mais tempo para a aprovação do projeto perante à União, foi justamente a Lene. E foi justamente entrevistando vários dos envolvidos para fazer um documentário de protesto contra o Plano e o Quintão que a conheci. Foi ela quem tomou frente do embargo do projeto ao lado de um promotor que também entrevistei, mas que não me lembro mais o nome. O documentário? Este simplesmente não saiu por falta de apoio da Universidade e também porque eu fiquei mais tranquilo sabendo que o Plano Diretor já estava em vias de ser embargado.

CHICO Delfino ou Sebastião QUINTÃO?

Qual deles você deseja ver como Prefeito de Ipatinga nos próximos quatro anos?

O primeiro, Chico Ferramenta, foi o mais votado, milhares de votos a mais, ganhou a eleição, foi diplomado, carregado nos ombros dos seus cabos eleitorais, comemorado com baile e em grande aglomeração em parque público, buzinaços e fogos de artifício. Lutou, feericamente, contra e pelo poder. Queria ser Prefeito pela 4ª vez. Foi, magistralmente, eleito. Ganhou o diploma mas perdeu a posse.

O segundo, Sebastião Quintão, perdeu a reeleição. Uma campanha fria. Sustentada por uma derrama de dinheiro. Sob uma chuva de acusações de corrupção. Com o título, já emitido pelo povo, de Pior Prefeito da História de Ipatinga. Um típico estereótipo de coronel rural de chapéu na cabeça em tempo integral. Um homem que não sabe ou não quer saber o que é “Estado Laico”. Pastor e Político dependendo da conveniência.

Estes são os dois protagonistas da novela política que se enreda em Ipatinga há três meses. Desde o dia seguinte à eleição em 05/10/2008. Algo bem parecido com a novela “A Favorita” da Rede Globo. Com a diferença fundamental de que os ipatinguenses sabem que a novela da TV finaliza daqui a poucos dias e que  não passa de uma ficção. Já a novela política de Ipatinga é real, deveria ter tido um FIM na última cena, a “Posse” do Prefeito eleito (ops!) no dia 1º/01/2009. Mas, uma falha do “Script” (leia-se: “Leis Eleitorais Brasileiras”) e fraqueza da “Direção” (leia-se: “Judiciário Brasileiro”) deixou os espectadores ipatinguenses com a sensação de que assistiram um FIM mal finalizado. Aquele FIM reticente, que é uma “deixa” de que o FIM “não ficará bem assim”. De uma forma ou de outra!

Por que “de uma forma ou de outra”? – Ora, porque toda história mal começada e mal finalizada fica imponderável. Se ficar da forma como está deixará uma sensação de indefinição, se a forma for modificada  a sensação permanecerá. O espectador/eleitor sente-se ludibriado e frustrado. Seja ele eleitor do primeiro candidato, do segundo, da terceira e mesmo o não eleitor, ou seja, todos os ipatinguenses.

Afora, os que têm “interesses pessoais”, tirante os “radicais e fanáticos” e excluídos os “simplórios encabrestados pelo populismo”; o restante dos cidadãos desejavam e desejam reescrever a história e após o último ponto carimbar, com a tinta mais impregnante que houver, a palavrinha imperativa e defintiva: FIM.